terça-feira, 4 de agosto de 2009

Autárquicas 2009 - Lisboa

As eleições deste ano colocam em confronto duas personalidades marcantes dos seus partidos - António Costa e Santana Lopes -, o que faz com que aquelas se tornem uma segunda ronda das legislativas, em muitos sentidos.
António Costa veio numa época dificil para Lisboa, com uma dívida enorme e péssima gestão de recursos, tendo tido apenas cerca de dois anos para exercer o seu mandato... Pouco temopo para qualquer processo! O problema? É o nº 2 do Partido Socialista, que anda na rua da amargura, sendo a figura mais plausível caso a direcção de Sócrates caia... o facto de ter estado muito tempo aliado àquele pode repercutir-se nas urnas - não nos esqueçamos que o PM fez daquele o seu paladino na confusa eleição intercalar...

Santana Lopes... é uma figura no mínimo controversa! Sou honesto, não gosto dele! Acho que o facto de um homem como ele e com o seu currículo ter chegado a PM é uma das maiores vergonhas do nosso sistema político. Não ponho em causa a sua pessoa (que não tive a oportunidade de conhecer, mas dizem ser fascinante...) nem a sua competência como profissional em outras áreas (ele formou-se com a minha actual média, por isso, tenho de respeitá-lo...) - mas como político e "administrador" da res publica, claramente não posso considerá-lo como um bom exemplo! Lamento... ele deveria dedicar-se a ir a jantares e a fazer comentários.. é um bom comunicador, goste-se ou não...
Por isso, tal como António Rebelo de Sousa, apesar de ser, no coração, PSD, não posso votar em Santana Lopes, não o farei e labutarei ao máximo para que António Costa ganhe estrondosamente.

Exclusão de Passos Coelho

M. Ferreira Leite negou o lugar na AR a Passos Coelho, indo mesmo contra a distrital que o nomeou... Ferreira Leite acaba de abrir guerra aos seus adversários no Partido... Claramente, não quis ir contra os seus ideiais. Mas deu lugar a uma inimizade feroz, que pode, caso a Líder da Oposição perca as eleições, levar ao seu morticínio político e, por sua vez, a aclamação de Passos Coelho como o salvador do Partido, tal qual um D. Sebastião...
Mas esta situação é igualmente representativa de outra realidade: os políticos da velha guarda estão a afastar violentamente os mais novos do palco. Esta escolha - e, deste modo, as eleições que se aproximam - faz com que o próximo acto seja decisivo para o PSD e para o panorama político português, com a manutenção das mesmas pessoas ou, pelo contrário, o renovar das personalidades e a respectiva queda de certas figuras que há muito atormentam a Direita em Portugal (Ferreira Leite, Santana Lopes, Pacheco Pereira...), podendo surgir - assim o esperamos - uma geração mais capaz, eficiente e que seja, de forma mais clara, o reflexo da sociedade que representam. Tudo parece indicar que o PSD não irá ganhar as eleições - lamento, mas F. Leite não é carismática, não sendo admissível para líder (como membro do staff, não seria má, conforme quem comandasse...); as fantochadas em que o PSD se enrola (a questão dos políticos acusados; o indício de guerra partidária...)... - pelo que prevemos uma mudança radical no Centro-Direita, apelando a novas caras, com ideais diferentes e que não sejam mais um dos que "andam por aí..."

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Manuel Pinho

O recente episódio de M. Pinho, ministro da Economia, a fazer "cornos" na AR, é uma fonte para as mais variadas posições: desde paladinos da honra das instituições a libertários que apelam a um informalismo e ao fim do conservadorismo...
Colocam-se vários problemas, na minha opinião: os cornos, per se, representam apenas uma falta de educação e de tacto, inesperados de um cidadão bem formado, com uma formação exemplar, como é o caso do ministro exonerado - isso não é razão para fazer cair um membro do Governo, falemos a sério; quer-se um governante capaz e respeitador da DEMOCRACIA e da Manutenção das Instituições; o problema do caso é meramente formal, por isso, logo não deveria ter, em princípio, uma consequência tão forte.
Por outro lado, não podemos esquecer o contexto em que a cena ocorreu: no meio do debate do Estado da Nação, na AR, perante a qual o Governo é constitucionalmente responsável. Sim, basicamente M. Pinho chamou de "chifrudo" a um dos "patrões". Ora, se numa empresa, isso ocorresse, o empregado seria despedido imediatamente, logo, em nome da igualdade, M. Pinho tinha mesmo de desaparecer de cena... A situação agrava-se ainda mais tendo em conta a dimensão da empresa: é o Estado; o empregador, o símbolo máximo da democracia, ao representar proporcionalmente as escolhas e orientações políticas do Povo Português. Ora, assim, temos claramente que afirmar que a posição de M. Pinho era, no mínimo, complicada, sendo a sua atitude inadmissível, não só por razões de trato social, mas sobretudo pelo devido respeito que um titular de órgão de soberania merece, impondo-se o princípio da solidariedade e da cooperação institucional, que orientam fortemente a actuação de todas as instituições estatais...
Complicado! A exoneração, talvez precipitada, talvez excessiva, mas não injusta...

Um ano

Um ano na blogosfera... Mas uma produção muito reduzida!
Tentarei ser mais activo.

sábado, 27 de junho de 2009

Provedor de Justiça

Por fim, resolveu-se a novela em relação ao novo Provedor de Justiça.
Depois de o PSD andar às turras a alegar que quem devia escolher o titular do cargo era a oposição, de forma a afrontar um dos maiores vultos do nosso ordenamento - Jorge Miranda (v. em sua defesa a Prof.ª F. Palma e, implicitamente, o Prof Menezes Leitão) - o que coloca em causa o bom senso dos políticos na fase actual -o PS teria jogado uma carta imbatível, mas o PSD, numa lógica de contrariedade, criticou fortemente a escolha pondo em causa a isenção do Ilustre Professor. Concordo com este quando se diz ofendido com tais insinuações: dizer que Jorge Miranda seria parcial é pôr em causa a Constituição, de que foi um dos grandes autores materiais, a competência dos académicos portugueses, e uma das bases científicas mais fortes da nossa democracia - o Direito Constitucional que, em Portugal, é tão tributário do pensamento deste mestre incontornável.
Contudo, apesar das mais do que reconhecidas competências, era contra a escolha do Professor para este cargo por uma razão muito simples - que o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa soube alegar com mais perfeição... - a sua idade; porquê? ora, o provedor cessante saía por problemas de saúde, já tendo uma idade difícil para aquele cargo, o caso de J. Miranda poderia ser mais grave; o tempo que infelizmente escasseia para o Professor deveria ser gasto a instruir mais turmas e centenas de alunos a pensar e actuar de forma correcta em defesa dos direitos fundamentais, a escrever e a reflectir sobre mais pontos em que, como nos tem habituado, construiría teorias da mais alta sofisticação e interesse prático; por outro lado, o cargo de Provedor - como outros tantos no nosso país - devia começar a ser apossado por novas gerações, com novos pensamentos, com novas teorias, uma nova maneira de abordar a realidade - tendo a base académica de um bom ensino universitário dirigido, entre outros, pelo próprio Jorge Miranda. Não podemos esquecermo-nos que a civilização dá novos passos todos os dias, e que arriscamo-nos a que, se uma certa geração continua a dominar certos cargos, arriscam-se a não conseguir perceber plenamente os problemas que a sociedade lhes coloca - como agiria Vaz Serra com a pirataria da Internet? Não como agiria um Menezes Leitão, certamente... Décadas separam-nos, com o benefício de que os jovens integram-se e absorvem formas de pensar e de agir muito mais eficazmente do que um velho...
A eleição de um Provedor de Justiça é, mesmo com todas as vicissitudes do processo, de saudar, em nome da Democracia e da Manutenção de um sistema garantístico, onde o cidadão, a pessoa humana prevalece sobre o mecanismo faminto do Estado, sendo protegida de vários modos e através de vários órgãos.
Espero que o novo Provedor esteja à altura da sua posição, e que consiga restituir a reputação à instituição e que lhe dê um novo folêgo e crescente importância - assim como esperamos que a nova legislatura, com poder constituinte, saiba reforçar as suas competências e dê um novo passo na construção de um Estado de Direito Democrático, onde todos possam desenvolver-se e conviver justamente.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Estado da Política...

Contra todas as expectativas e sondagens, o PS perdeu as eleições eleitorais! Incrível? Talvez não - Portugal tem suspirado nos últimos tempos com a crise (a nacional e a internacional...) -, mas, admitamos, ninguém esperava que o PSD(e a direita em geral) conseguisse ganhar as eleições. Manuela Ferreira Leite claramente não é carismática, e Paulo Rangel, com os seus maniqueismos e voz nasalada não é propriamente um garoto-propaganda. Mas, perante a insatisfação nacional, o discurso social-democrata (do partido, não da ideologia...) conseguiu captar a atenção dos portugueses e, diria mesmo, chegou a persuadi-los. Será que temos Governo do PSD na próxima legislatura? Não sei...
Convém, por um lado, referir que a Direita (PSD e CDS-PP, tendencialmente aliados...) não conseguiu somar sequer 45% dos votos úteis - a contrario, a Esquerda totalizou o restante... Poderemos dizer que vai haver Governo de Esquerda (coligada)? É duvidoso!
Sejamos honestos, Portugal não é um país de Esquerda a sério, i.e., não segue apaixonadamente teorias antiburguesas e de ditaduras do proletariado (e mais do que isso, não percebem muito bem o que estas lógicas pretendem dizer - sobretudo os que as seguem, numa atitude muito Maio de 68...), o que está historicamente comprovado com o pós-25 de Abril, que gorou a revolução agrícola e outras loucuras que marcaram a época. Muitos dos votos da "extrema-esquerda" foram, claramente, votos de protesto (salvo os dos jovens, que têm vindo a aderir sobretudo ao BE), não vindo a se repetir nas eleições "a sério"...
Governar à esquerda vai ser impraticável! O BE e a CDU vão espernear por tudo, apelar para as classes dos trabalhadores e inviabilizar grandes medidas que devem ser tomadas, doa a quem doer. Desculpem a crueza das minhas palavras, mas é verdade - a CDU (leia-se, PCP, pois os verdes não têm independência real) é uma organização política em decadência, com o mesmo discurso dos anos 50 e sem qualquer noção da realidade que os rodeia - o Comunismo degenerou, em todas as suas experiências, em ditaduras militares...; a lógica nacionalista e anti-UE claramente revelam ignorância pelos seus próprios valores (pelo amor de Deus, o "Manifesto do Partido Comunista" de Marx/Engels abre com "Trabalhadores de TODO O MUNDO, uni-vos..." - destaque meu -, se são anticapitalistas, vejam a sua participação na UE como uma forma de mudar por dentro do sistema, não como uma maneira de "sugar" dinheiro). O BE, pelo contrário, é uma versão intelectualizada dos ideiais da extrema-esquerda, típica dos anos 60 e 70... ou seja, bem intencionada, mas sem qualquer discurso coerente e consistente. Não obstante apoiar muitas das posições desta ala política, não os vejos, nem quero ver, num Governo.
À Direita, por seu lado, apesar de gostar do ponto de visa mais liberal que costuma ser apresentado pelo PSD, não acho que a composição actual tenha direito a governar... Porquê? Paulo Portas e M. Ferreira Leite já estiveram no Governo, sendo as caras dele (formalmente, de dois...) - e por causa deles o PS teve maioria absoluta! Acho que eles já mostraram o que querem... o único que merece crédito naqueles Governos é Durão Barroso, e por causa do seu sentido de oportunidade - abandonou o barco prestes a afundar para uma gloriosa campanha na Comissão Europeia, onde tem, digo eu, deixado a sua marca e um legado memorável.
A questão é: preferimos Sócrates (arrogante...), a Ministra da Educação (aquela voz e atitude...), Mário Lino ("jamais"...), Rui Pereira (que tem mais vocação e mérito para Procurador-Geral da República...) ou, pelo contrário, Manuela Ferreira Leite (não temos dinheiro, estamos pobres, vamos subir impostos...), Paulo Portas (Polícias para a Rua, em força...), e uma equipa que não se percebe quem possa ser - o PSD sofreu uma fuga (ou esconder) de cérebros nestes quatro anos...?
Não tenho resposta, mas creio que todos nós temos de ponderar, pacientemente, o que queremos. Espero que no todo, se faça a melhor escolha, que não tenha por base um descontentamento com o Governo ou, ao contrário, um horror ao passado menos recente. Desejo Sorte!

Fórmula 1 e a Crise

Há bem poucos meses, discutia-se, com o agravar da crise internacional, a queda de várias empresas e a mudança urgente do estilo de vida de todos nós. No seguimento desta situação, mesmo no desporto começou a falar-se numa diminuição dos orçamentos; uma das modalidades onde se discutiu esta necessidade foi a Fórmula 1, com equipas a pensar sair - foi o que, de alguma forma, ocorreu com a escuderia Honda, que foi adquirida por terceiros e actualmente roda com o nome de Brawn, liderando o campeonato de pilotos e de equipas...
Neste seguimento, a FIA ponderou a aplicação de novas regras que restrinjam o orçamento das equipas e, contra todas as expectativas, estas recusam-se a aceitá-lo! Querem gastar mais e mais, ao ponto de começarem a desenvolver um campeonato alternativo onde podem dispender os recursos pecuniários que bem entenderem... Contraditório? Irresponsável? Talvez, mas prefiro pensar que é, por um lado, a noção (e, mais importante, a actuação segundo o sentimento) de que a crise está a passar, justificando grandes investimentos, que seriam, assim, sustentáveis. Por outro lado, talvez de modo demasiado ingénuo, penso que decorre o comportamente rebelde da FOTA de uma certa fidelidade para com o público, com maior espectáculo (com mais dinheiro, maiores as possibilidades e habilidades das máquinas) e, mesmo, com a diminuição prometida dos preços, como forma de atrair mais adeptos a este desporto por vezes tão pouco divulgado (elitista, diriam alguns...). Veremos o que nos reserva o futuro, mas penso que o que se passa na F1 pode ser o espelho do futuro que nos aguarda, mais inovador, mais apelativo... mais optimista e espectacular!

PS: Fico-me pela F1, mas poderia continuar para Futebol, com as recentes aquisições milionárias do Real Madrid...